Eis o que tenho aqui
De nada me serve a dor
Espero que em ti
Possa eu ser mais que um ator
Venho pois em voz e gesto
Acudir a um simples apelo
Qual no mesmo um protesto
Sonho vire um pesadelo
Nas miudezas dos maiores
No tocar de um intocável
Simples e duros rumores
Faz-se coisa incontestável
Não espere de um contexto
Coisa inteira e completa
Pois com um pequeno texto
Faz-se coisa mais concreta
Não estoques raiva ódio
Pois de nada vai servir
Não esperes pelo pódio
Pois um dia vais cair
Nunca ousei me avantajar
De quem é desfavorecido
Nem um dia quis amar
Pra não ser mais um sofrido
Nas belezas olho a vida
Vidas se fazem de dor
Mas a sorte decaída
Vem de dores do Amor
Homens de almas roubadas
Fazem por onde sofrer
Pelas atitudes ousadas
Vão ao mundo sem poder
Do recanto de onde venho
Nada temo nada sinto
Sou mais um que nada tenho
E quase sempre minto
Ouço vozes vejo dor
Não mais eu vejo as flores
E nem mesmo no amor
Tenho forças só mais dores
Outra vez tento andar
Nem ao menos dou um passo
Já nem tento mais sonhar
Nem tento pois vejo o fracasso
De nada mais me serve a vida
Sou mais um alienado
Já não tenho mais saída
Nem na volta nem na ida
Não volto de lugar algum
Não sou ninguém
Vejo que sou mais um
Mais um refém
Refém do meu mundo
Por não fazer nada
Fico aqui quase moribundo
Sem ao menos dar uma risada
Se eu não reclamasse tanto
Talvez fosse mais humano
Se não ficasse no relento
Se tivesse mais tutano
Ninguém jamais diria
Tudo o que me faz sentir
Mal e tentaria
Ser mais eu e não mentir
Não seria mais refém
Nem talvez mais um indigente
Faria-me tão bem
Aí seria mais contente
Mas se esperar
Não vou ser
Apenas sonhar
Não me faz viver
Pois agora sou
O que quero ser
Não apenas o que me mandou
Vou pois viver
E não mais rastejar
Sendo só mais um coitado
Vejam eu me levantar
Já não estou parado
Esperança eu vivi
Hoje não espero mais
Não estou mais a ruir
Eu já não caio mais...
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