terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A mesmice - Jardiel Carvalho

Comigo está a minha mesmice
Que só a mim apraz
E remete a coisas pequenas
Coisas de mim que ninguém mais sabe
Ela faz com que eu tenha vergonha
Acordo no meio da noite
E me pego em pesadelo
Com fortes calafrios
Sem sortes nem desafios maiores
Ai de quem sonha
Pois quem sonha
É só porque não tem consigo a mesmice
Que eleva as tolices
E amplia as barreiras
Consome as vontades
E faz hibernar a tal da razão
Que sempre te faz razoavelmente pensar
Pensar...
...sonhar
Já fui muitas coisas em meus sonhos
Inclusive livre
Hoje sei que se sonhei um dia
Foi por que já tive minha liberdade
E eis que hoje só sonho em sonhar
E em meu sonho, sonho que sou livre
Eu um dia o fui
Mas sonhar já não me é uma realidade
Só um querer muito intenso
E a minha mesmice,
Essa eu ainda carrego comigo
Ela já não me deixa mais sonhar
[...]

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

* Eye *
















Mais fotos em http://jardielcarvalho.wordpress.com/ visitem e comentem.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Enfim me desenterrei – Jardiel Carvalho

A poeira que encobre minha visão
Requer limpeza maior
Que qualquer outra forma de impureza
Olho ao redor e, nada vejo por conta dela

Toda a minha vontade foi consumida
E com toda a penumbra que me cobre os olhos
Nem ao menos profiro uma palavra

Se hoje não rompo com meus vícios
Não é por conseqüência de qualquer espécie de ato
Grito alto ao meu âmago
Concorro comigo a coisas que nem interessam a mim

Retorno ao meu insano interior
Que nem eu mesmo entendo
E se entendesse?
[...]

Será que em nossos sonhos
Tem espaço para alguma ruidosa intenção?
E se fossemos amantes de verdade, seriamos mais intensos?
Recobro meu teor caloroso
De atender maiores faltas
Em fim esqueço-me
Sem fulgores maiores que uma vela
De sol a sol, sem nenhum resquício de luz
Sou apenas que sempre fui
Sem mais nem menos do que era
O meu excesso não existe
Minha extravagância é falta
Meu luxo é mendigo
Minhas intenções mais simples que a de um monge
E mesmo assim, sou alvo de intenções piores
Que as que a própria maldade impõe
Contudo ainda sobrevivo a isso
Enfim me desenterrei
[...]

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Deixe tua intenção - Jardiel Carvalho

Hoje tive algumas boas intenções
Ouvi algumas canções alegres, tristes
Fumei alguns cigarros
E mesmo entorpecido pela nicotina
Minhas boas intenções não são concretas
E cada vez que me perdi em mim
Demorei muito tempo pra voltar
Acabei em um coma
E quando acordei
Havia perdido meus movimentos
Não pude me mover por anos
E agora que recuperei tudo isso
Vejo-me perdido novamente
E com possibilidades de novamente me perder
Dormir profundamente até que não seria ruim
Afinal eu já não tenho tanto o que fazer
Meu valor já não é o mesmo
E toda palavra que exponho
Já não diz muita coisa
Quando eu for alguém te aviso
Deixe tua intenção
Próxima ao telefone

[...]

Tocou a Campainha - Jardiel Carvalho

Sempre quis ser alguém
Sempre sonhei com um mundo belo, cheio de vida.
Esse tipo de pensamento
Sempre me acompanhou
Mas hoje, vendo tudo o que conquistei,
Vejo que nada é como eu quis
Pois não sou alguém
O mundo?
Este não é nem belo, nem cheio de vida
E nem estes pensamentos trago mais comigo
Vejo-me em realidade
Perdido aqui comigo
Tentando supor o que será do amanhã
E fazendo do hoje pior do que o ontem
O retrocesso é o que me toma
Sou mais um pobre de espírito
E reclamo todo o tempo
Não me tenho e,
Nem ao menos me quero bem...
Tocou a campainha...
...Era um entregador e,
Nem era pra mim...

Um dia – Jardiel Carvalho

Um dia a inteligência me tomará
Sei que hoje não sei
Mas nunca mostro isso aos outros
Sou sempre o centro das atenções
Afinal de contas
Trago comigo algo maior que tudo
Tudo o que importa a todos
Tenho um dom primordial
Além de ser inteligente (às vistas dos outros)
Sou belo...
Sou incrivelmente talentoso
Assim todos me vêem
Não faço cerimônias
Encho o peito e grito bem alto
“Sou isso”
“Tenho orgulho daquilo”
“Não tenho preconceitos”
“Nem discrimino alguém, nunca”.
Mas tenho orgulho da minha raça,
Afinal de contas sou um animal
Sou melhor que um cachorro talvez
Ou que uma ave qualquer...
E faço com que todos saibam
E fiquem à vontade com isso
Pois todo mundo é da mesma cor né?
E é por isso que eu me orgulho
Mesmo, mesmo
Eu?
Eu sou da cor dos teus olhos
E sei que você
Sabe que não sou diferente
Pois hora
Temos olhos, barba, cabelo, pele boca, sangue, dedos, unhas
E até uma alma em comum...
Entenda...
No dia em que a inteligência
É, a inteligência
No dia que ela me tomar
Entenderei dessas coisas...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Agora que Acordei - Jardiel Carvalho

Não queria uma intensidade maior
Do que a normalmente alcançada
E sem talvez me repudiar por ser assim
Fizesse-me aumentar em minha percepção de mundo
E que cada rugir da minha alma
Fosse apenas mais alto que o vento
E que me trouxesse menos dor
E ao propor que a vida fosse fácil
Não mostrasse o lado ruim, difícil e desumano
Contudo sendo apenas menos pior
Não deixa de ser pior nem faltoso
Queria que na verdade
A minha vaidade fosse um pouco menos destrutiva
E sendo assim, ativamente pacificadora
Mas ela é apenas o menor dos meus problemas
E se fosse algo maior, me afetaria menos talvez
E assim me esqueço de coisas que eu há muito não me faziam utilidade
Agora que acordei,
Vou tomar café e reorganizar meus pensamentos...

TABACARIA - Alvares de Campos

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Araióses II - Jardiel Carvalho

II

Estou aqui onde sepre quis
Busco uma coisa tao mair que o mundo
Eu fiz e fiz e fiz
E entrei aqui no mais fundo
Vejo com meus proprios olhos essa beleza
E toda essa natureza
A chuva mesmo fria
Não esfria
E quente como um banho maria
Fico eu aqui
Fervendo
É assim, e se fosse diferente
Seria outra coisa
Não o que é
Assim me faço feliz
Como nunca o fiz
Venho por me lembrar de coisas
Vendo os jogos de dama
Do Seu Juquinha com o Gentil
Em poucos minutos recordo de muito do que foi a minha infancia
E que nem quando tentei
Consegui me lembrar antes
Eita coisa boa
Essa terra de pescadores
Doutores e agricultores
Que aos montes ainda passam
Com o remo e a enchada nas costas
Voltando da lavoura
O povo todo simples
De humildade aparente
E como agora tem gente
Aqui ali acula
Os baleco na rua
As cunhã fazendo psil
E as moça virge tudo na calçada a conversar
Ainda vejo as coisas e gente velha
Na rede de tucun
E os culumin no rio agora mais nenhum
Agora as coisas tão moderna
Tem lan house tem lanterna
Daqulas de quando falta a luz
Até o Zé Bode
É todo informatizado
Trabaiadô, casado
E vai até ser pai
Como as coisa tão mudada
Mas o povo ainda acorda de madrugada
Levanta bem cedim
E os culumim véi
Ainda tao por aprontar

Quando te Chamei - Jardiel Carvalho

Seria melhor se fosse verdade
E nada me traria mais alegria
Que uma imensa saudade
Mas ela se foi, com a folia
Agora o que tenho
É só uma pequena lembrança
E todo o meu empenho
Não me deu nenhuma esperança
Sinto me como um pequeno
Com fome e fortes tremores
Não sou mais pleno
Me fiz em rumores
Ainda não sei o que tentei
Nem ao menos sei se o fiz
Mas quando te chamei
Nem me olhastes, estou infeliz...

domingo, 7 de março de 2010

Respostas - Jardiel Carvalho

Enfim acordei-me por sobre o ar
Com gente a se desmanchar por baixo
E sem nem sequer notar
Simplesmente me encaixo

Todas as frases de uma canção
Não traduzem a única sensação em mim
E mesmo que tentasse seria apenas invenção
E terminaria assim:

“Em teus olhos cansados de dor,
repousam meus sentimentos e,
mesmo sem sentir teu calor,
curo teus sofrimentos”.

E se acabasse dessa forma
Seria uma forma de inventar
Pois sei que assim apenas conforma
E não se põe a enfrentar

Meus medos, receios
E nem cura minhas feridas
Não aumenta meus anseios
Poe apenas medidas

Em todas as tuas fronteiras
Com isso te remontaria o passado
E assim apareceriam maneiras
De ser mais uma vez pesado

E esse peso te maltrataria
Poria-te algemas nas mãos
E você não se retrataria
Construiria apenas mais vãos

Entre você e sua felicidade
E sendo menos verdadeira
Com vãos e coisas pela metade
Não seria mais que uma herdeira

De coisas que não te pertencem
E te fazem ser menos
E coisas confusas apareceriam
E os medos não seriam amenos

Seriam muito maiores
Que quando comecei esses versos
E as coisas se tornariam piores
E surgiriam mais assuntos controversos

Pensei que palavras de conforto
Fossem mais renovadoras
Que consertassem o que é torto
E que te trouxessem paz consoladora

Mas tenho apenas idéias vagas
Não tomo parido
E a menos que respostas tragas
Fico assim meio perdido

Mas aprendi que paciência é virtude
Esperarei, controle terei
Em um som com baixa amplitude
Respostas buscarei...

Seja Feliz - Jardiel Carvalho

Comovido pela musica que ouço
Escrevo Estes versos
Que ainda me esforço
Pra que sejam diversos
E tristes, que sem remorso
Sejam reflexivos e acima de tudo, intensos

Pois a tristeza é um momento
Que deve ser aproveitado
Digerido, vivido, cada por cento
Consumido e comprovado

Pessoal e intransferível é o teu direito
De sofrer sem interferências
Aprender com isso é um preceito
E reforça suas vivencias

Chorar evita que a dor se estoque
E faz transparecer o ser humano que és
Evita o choque
Que começa desde os pés

Mas não deixe com que seja eterno
E não faça disto uma desculpa
Para que sua vida seja inferno
Fuja desta culpa

Viva, seja feliz após isto
Usufrua da infinita condição de ser humano
Levante eu insisto
Para que nada acabe em um abano

Seja feliz, apenas feliz
Do seu jeito
Sem pensar: “o que eu fiz?”
Viva conforme seu conceito.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Entrem...

http://adrianolimatos.blogspot.com/

Muito bom esse blog

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sem tempo...

Ando muito sem tempo pra escrever....

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Coisa Vã II - Jardiel Cravalho

Um sentido real?
Como se busca isso?
Com um travamento mental
Já pensou nisso?

Será mesmo que há um sentido?
Na coisa vã?
Tenho me remoído
Mas a noite que de manhã...

sábado, 2 de janeiro de 2010

Penso... – Jardiel Carvalho

O que sentia como verdade
Já não o sinto mais
Nem sei bem a idade
Mas sei, não sinto mais

Sinto como se tudo
Tivesse sido apenas
Uma mera passagem
E nada tenha sido de verdade
Minhas preocupações me atormentam
Não sei se aumentam
Mas existem de verdade
Me faço em meditação
Para achar solução
Penso sobre tudo o que vi e sinto
Remonto minhas intenções
Queria poder ser mais honesto
Falar tudo o que penso
Mas não sei se posso
Ou se devo, então penso
Medito por muitos minutos
Já não sei se é tarde
Mas me parece cansativo
Não houve motivo
Mas muita coisa aconteceu
E agora algo se rompeu
Em toda a igualdade
Ou na lealdade
Então se faz presente uma insatisfação
Tomada por ação
Sendo então muito
Procuro um assunto
Refaço o pensar
Penso... Penso...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Araióses – Jardiel Carvalho (22/12/2009)

Que seja assim
Certo de que não suma
A identidade de mim
E me torne só mais uma
Uma pessoa longe de mim
E que o esquecer não me consuma

Busco agora
Tudo o que não quis
Tudo o que joguei fora
Pois sei o que não fiz

Cresci com meu pouco apreço
Mas hoje, hoje reconheço
Que cada coisas é tão rica
Nas raízes, e hoje fica
Muito claro que meu berço
Não é só maior que um terço
De tudo que me trisca
Sobro toda a minha Terra
Que ao longe alguém berra
Poe o gado pr’outro lado
E fecha o cercado
Acende o fogo com a faísca
E meio abestado fica
De ferver o leite fresco
Ao som do rio Santa Rosa
Que corta toda a cidade
Que é maternidade
Do José do João e da Rosa
Que trabalham na roça
E tangem as galinhas
E brigam com a culuminhas
Por que são muito atentadas

E cantam o Trem das Onze
Na boca do fogão
Pois o almoço, que não é muito não
Sai bem cedo, antes das onze

Em minha terra
Criança que erra
Toma uma pêia
E mulher feia
Casa, mesmo sendo feia

Nos dias de jogo na Lisa
Batia aquela brisa
Que ficava melhor assim
Com o gosto do dindin
De vez em quando era gol
Do Flamengo da Barreira
E subia toda aquela poeira
E a gente que era culumin
Fica ali na beira
Chupando o dindin

A gente rodava peão
Brigava e rolava no chão
Atravessava o rio a nado
E nem ficava cansado
Com a forte correnteza
Que com certeza
Ajudava a manter o braçado

Na semana santa
Tinha bolo de puba
E eu comia feito uma anta
E nem comia a janta
Tinha canjica de milho
E mãe gritando:
“Oh, filho! Come mais um pedacim”
E longe de mim
Querer pensar em esquecer
Toda aquela festa linda
Que era feita ainda
Nos festejos de Nossa Senhora
Nossa Senhora da Conceição
E tinha até procissão
Ave Nossa Senhora...
Tinha barraca de camelô
E um dia de Babão me melô
Mas o Zé Bode gritô
E o Babão chorô
Por que eu,
Eu não deixei barato
Melei todo o sapato
Dele e do Fabin
Que riu de mim
E mangou da minha cara
E eu ainda disse: “Para!”
Mas ele não me ouviu
Então no final fui eu quem riu.

Bom também era na praça
Onde todo mundo achava graça
Das piadas do Mereu
Que assim como eu
Ficava lá ate tarde
Mas ainda estou na metade
De tudo o que tenho
Pra falar e agora venho
Continuo a contar
Tudo que conseguir lembrar
Contar, contar...
As historias de terror
Que me causavam horror
Que com medo arrebatador
Corria pra chegar em casa
Que era quente que nem brasa
Mas me abraçava
Assim que eu chegava

Tinha uma vovó
Que cuidada do vovô
E dos filhos e dos netos
Era amiga de outra vovó
Que não ia nas festas
Que cuidava das galinhas
Botava nóis na linha
Mas tinha muito amor

Sei que todos a amavam
Seus filhos netos e amigos
Que não eram poucos
E se amontoavam
Pra comer feito loucos
Sua farofa de carne
Que todo fim de tarde
Ela servia com café
E tinha até
O Paulo Cazaca
Que sumia por meses
E aparecia como os fregueses
Do Bar do tio Valdir
Que quando tinha seresta
Ficava cheio, era festa
Onde tinha muita gente
Com chifre na testa
Era assim que se falava
Quando muita cerveja tomava
Toda aquela gente boa
Que não estava ali a toa
Pois era perto do rio
E nunca tava firo
E todo mundo
Ia lá pro fundo
Pra se refrescar
Nadar...

Tinha o clube do Nonato Ramos
A festa de Ramos
O Bumba meu boi
Quem nem sei quando foi
A ultima vez que dancei
E nem quando comecei...
Tinha o sete de setembro
Que se bem me lembro
Eu era doido pra tocar
Mas eu era criança
E me botavam pra marchar
E lá também comecei a cantar
No show de calouros
Com meus cabelos louros
Que sumiram com o tempo

Minha raiz ainda está
Fincada e forte
E espero que seja lá
Onde eu fique mais forte
Colossal é minha saudade
Só menor que minha felicidade
De ter nascido ao som das vozes
Da cidade de Araióses.

Uma coisa – Jardiel Carvalho

Quando me vem a mente
Todas as coisas
Que não penso constantemente
Me são só coisas

Costumo ser mais covarde
Sem vergonha de assumir
Quando cedo ou tarde
Penso em dormir

E esquecer todas as coisas
Que sem querer me vem a mente
Que são só coisas
Que não me vem constantemente

Que sejam úteis ou não
Estranhas ou convencionais
Maiores então
E apenas racionais

Que completem minha vida
E enfeitem meu existir
Que apareçam na ida
Antes de eu partir

Que sejam enormes
Cheias de cor e brilho
Que estejam nos conformes
Que me encha o olho

Que me causem uma reação
E que complete um vazio
Que me pare o coração
Ou me vença por um fio

Que constantemente
Sejam só coisas
Que me vem a mente
E que sejam boas coisas

Boas que
Ao envelhecer
Me lembre você
Que vi crescer

E me encham de alegria
Aumente o meu acreditar
E ao causar euforia
Me façam crescer, sonhar
E que tomem as tristezas
Me ampliem as saudades
Que me mostrem mais belezas
E me encham de amizades

E que cada coisa
Sempre em minha mente
Não seja só uma coisa
Que suma de repente...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O que me Transformei - Jardiel Carvalho

Ouço nas maravilhas
Que só minha alma
Se fará na partilha
Penetrando a calma...

Sinto que nem se fosse
Mais um qualquer
E houvesse nenhum sequer
Seria um bom que fosse...

Ao restaurar encanto
Que nem sempre existiu
Ousou, reprimiu
E me fez no entanto
Querer ser mais
Mais que o que eu quizesse
Ou sonhasse...

Sou apenas "o que me transformei"
Mas tambem sou o que
Me transformo constatemente
E com tudo o que tenho em mente
Me faço outro ser
Tendo em mente
Que a "Mudança"
É parte do vencer
E vencer é ser
Não o que era
Mas o que se pode ser...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Que País é este? – Jardiel Carvalho

Que país é este?
É apenas o país em que se vive
Sei que nem ao menos esperança sobra
E no auge desta obra
Assim sobrevive
Com o pouco que as veste

Sem ser, ser que se questiona.
Assuntando aos pouco meros confusos
Queima de fronte a si próprio
Com dores de tanto ferver o pensar
E de tentar conservar
Apenas conta com pequenas fugas
Que fogem sempre da memória
Quando se tenta esquecer das desventuras

Alguma opinião que,
Possa eu expressar
É apenas uma opinião qualquer
Que nem a um agrada ou desagrada
E que nem ao menos faz qualquer diferença
Digo isso apenas a quem possa interessar
Aos que lêem meus poemas
E deles fazem alguma utilidade
Penso apenas em querer ser
Mais um poeta dos poucos
Que se sintam como eu oco
De mais coisas para acreditar...

Como Pessoa - Jardiel Carvalho

Concreta a sina de ser apenas um eu
Que sendo um tu que nada faz
E quando ele ou ela fizerem do mundo seu
E se nós fossemos apenas assim, como tu capaz.

Espreita a ida de ser, contudo fúria.
Mas não uma fúria por um mero acaso
E como não bastasse fosse num tempo escasso
Então faz de si uma breve rasura
E fura a casca de pau que te recobre
Com um tom pobre
Recobre e remenda a casca
Rejeita a face ideal
Que enoja ao centrado ao leal
Mas que sei eu de assuntos assim?
Acho que nem ao menos uma leve noção tenho eu
E quem tem?
Será que alguém tem respostas concretas?
Perguntas, somente questões.
Penso como Fernando Pessoa
Não vou ao fundo das cousas
Pois pensar muito nessas coisas
Tira todo o sentido que elas realmente tem...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O quanto você é diferente?
Diferente de mim ou de qualquer outro?
Faça essa pergunta a si mesmo quantas vezes forem necessárias. Se conseguir uma resposta me fale.
De onde nasce a intolerância?
Talvez da cabeça de gente muito inteligente, pois ela existe e é notável, como não afeta aos mais “bem de vida”, afeta sim aos pobres e humildes, aqueles que não conseguem se defender.
O que acontece se você se cortar? Se você ficar doente? Se você cair? E se você morre? Será que você é tão diferente de mim?
Nós seres humanos,somos feitos exatamente da mesma matéria, sejamos brancos, negros, asiáticos, índios, ou qualquer outra etnia...
Seja apenas humano, não faça com que sua existência passe em vão ou cheia de ódio.
De que serve todo o conhecimento do mundo se você não o colocar em pratica?
Pense um pouco e viva a vida sem causar danos a vida dos outros...

Coisa Vã - Jardiel Carvalho

Nunca pensei na vida
Como uma coisa vã
Pois sei, há um sentido
Na coisa vã
Eu sei, há um sentido

Começo por me perguntar
Como posso falar?
Ou então comentar?
Me ouço mais uma vez
Me perco de vez

Mas o que seria de mim
Se não fossem tais duvidas?
Sera que seria assim?
E eu, teria mais dádivas?

Continuo por pensar
Em como tudo tem ao menos
Um sentido a passar
É isso que temos

Aprendo com o balançar
O balançar das arvores
E pra enfeitar
Coloco nos pés mais rumores

E andando por aqui
Sou apenas eu
Sem medo do que me favoreceu
Mas saio daqui e vou ali
E logo antes de cair
Levanto mais uma vez
E com minha pouca altivez
Caio ao me sacudir

Me arrasto sobre o chão quente
A pele gruda na calçada
E preso a uma corrente
Assim de repente
Me ponho de pé
Cheio de feridas chagadas
Choro feito criança
Pois perco a esperança
E mesmo de pé
Com as mãos inchadas
Quebrando o dente
Corro na estrada
Que toda esburacada
Me rala e queima
De tão quente
Tão quente quanto todo o sol
Que já não me aquece
Esquece...
Que foi tudo em prol
De tudo o que é bom
E procuro o sentido
Que não antes perdido
Me da mais um dom
E de tom em tom
Vejo o cheiro do som
Que se cria da harmonia
Que enfeita essa fome
De querer ver sentido
Perde o dom
E desafia a fala
Ensurdece, e cala
Rasura a linha
Que a ti sempre abala
Remenda a corda
E todo o sentido
Que não é coisa vã
Remonta a vida...

domingo, 29 de novembro de 2009

Um Sonho - Jardiel Carvalho

Coisa boa é dormir
E sonhar com liberdade
De voar e subir
Sem nenhuma vaidade

Sonhar com um tudo belo
Belos campos verdes
Olhar da torre do castelo
Sem fome ou sedes
Sedes guardadas
Ou apenas adormecidas
Coisas quadradas
Dores ou feridas

Sonhar com o amor
Amor desconhecido
Sem lembranças da dor
Só um sonho contido

Coisa boa é viver
Sabendo que o mundo
É apenas um ser
E que nada esta imundo...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um Pouco Além – Jardiel Carvalho

A insatisfação que me toma
Não é nem um terço
De tudo o que veio a tona
Das coisas que trouxe do berço

Continuo vendo
Como as pessoas são
E como sempre vivendo
Da forma mais egoísta, e assim são

Todos querem felicidade
E desconfiam da lealdade
E fazem morrer aos poucos
O que tinham conquistado, serão loucos?

Não sei, no momento
Não estou feliz
Trago comigo um tormento
Que me surge diante do nariz

E só hoje penso sobre meus dias
Que não são muito bons
E agora como angustias tardias
Se fazem de vários tons

Vejo que só abalado
Tenho inspiração
E quando chateado
Ouso em criação

Reparo que a mim
Não agrada muita coisa
E quando por fim
Olho pro poste e vejo uma mariposa

Que voa desnorteada
Assim como eu
Com uma asa cortada
Voa torta no tempo seu

Acho que é decepção
Por confiar nas pessoas
E endureço mais o coração
Mas como já disse:
“As pessoas são apenas pessoas”

Não ando vendo um sentido
Em toda a minha vida
Só sou útil pra ser usado
Ou pisado
Mas minha vida rompida
Se desfaz aos poucos
E já estou meio cansado
De gritar como um louco
Sem tão pouco
Ser escutado

Não sei se o que escrevo
Realmente é coerente
Ou se é apenas mais um calo
Que estourado vive ardente

Não consigo ser alguém
E não culpo ninguém
Pelo fracasso meu
Ou pelo descaso seu
Me faço apenas só
Sem medo de virar pó
Pelo egoísmo
Por isso eu cismo
E agora chateado
Um tanto cansado
Reformulo minha vida
Que um pouco sofrida
Tenta ir um pouco mais além...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Cura as feridas - Jardiel Carvalho

O Rótulo que te veste
E apenas bonito
E insiste, reveste
E não vai ao infinito

Sublime é o que em ti
Guardado no mais fundo
Cultivas com sede de rir
Não se torne um moribundo

Explendida é tua essência
E sem displiscencia
Retoma seu eu

Caminha entre as nuvens
Com cabeça erguida
E quando puderes vem
Me supre e cura as Feridas

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Coisas - Jardiel Carvalho

Estranho como as coisas passam
Passam sem deixar muitos vestigios
Passam sem deixar contagios
Apenas passam

Coisas que passam não são profundas?
Não sei mas o que sei
É menos do que sabia antes, Nem sei
Mas quão prfundas e absurdas são? Quantas perguntas...

Bem o que sei é que as coisas passam
Deixam de ser
E sem perceber
Apenas passam...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Faço palavras - Jardiel Carvalho

Tendo em mente tudo o que me faz ser melhor,
Faço palavras que apenas dizem algo,
Para que quando qualquer um ler, logo
Se livrará de coisas que tenham de pior

Fui eu sempre quem me curei
Só, sem auxílios ou ajudas
Sempre lavei minhas roupas sujas
E quando perdido me achei

Tento sempre por palavras boas em meus escritos
Para que quando você for ler
Possa sentir, Viver
Sem medoe ou preconceitos

Penso, recorto, colo, emendo
Faço com que seja o mais real
Assim posso eu tambem ser real
Seja como for vou fazendo

Fazendo mais palavras
Que possam te servir
Ou apenas suprir
Mas por mais que eu escreva,
São apenas palavras

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Confins de meu ruir – Jardiel Carvalho

Repouso aqui
Como se fosse uma
Sombra pra ti
Eu que só queria uma

Queria uma sorte
Sem tentar cair
Ou brincar com a morte
E às vezes subir...

Subir em seus cabelos
Gerar mil imagens
Milhões de herdeiros
Sem fazer contagens

Contagens do sol
Do sol que és em mim
Em prol
Em prol de nenhum fim

Nem fim nem ruídos
De sons e dores
Nem como que surgidos
De “Dores”, horrores...

Acalenta nossos olhares
Milhares de vezes
Em vezes que em luares
Remenda, refaz e rezes

Zele por preces
Que longe ou perto
Às vezes apareces
Em tons de branco e preto

Seduz com fogo e luz
Controla suas ternuras
E sabes que induz
As mais belas torturas

Dizendo o que digo
Com certo grau de fome
De farinha ou trigo
Seu olhar me consome

Confins de meu ruir
Em solo quase novo
Quase sempre a sorrir
Me torno eu de novo...

O observador – Jardiel Carvalho

Andando pelas ruas
Observo as pessoas
Cada um na sua
Cada um, pessoas

Cada gesto revela um olhar
Cada olhar uma expressão
Como se fosse brotar
Coisa cheia de ódio, dor, paixão

E mesmo quando apressado
Passado, assustado
Coisa estranha se revela
Em cada face, no pé que se atropela

Eu como observador,
Apenas vejo as pessoas irem e virem
E com tom desanimador
Às vezes me cumprimentarem

Penso que talvez seja eu
Só mais um observado
Por alguém que como eu
Se faz de resguardado...