quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Fluir – Jardiel carvalho

Por dias e meses
Andei sobre este solo
E muitos fregueses
Conquistei em teu colo

E hoje ainda, faço de ti
Caminho corrente de mim
E todo impacto que tento em ti
Tem sempre um começo, um meio e um fim

Reparo que só aos poucos
Intero o que falta nas dores que sinto
E vejo que ao correr como louco
Resguardo o que sinto dentro do seu recinto

O estreito vazio que existe em mim
Se ocupa das luzes que olho em teu céu
Mas sempre ao olhar bem dentro de mim
Me sinto culpado assim como um réu

Senti por anos o que houve
Colhi as fortes dores
E todo o som que se ouve
São partes de pequenos temores

Entre as vidas que cultivas
Tento ser a menos pior
E mesmo em locomotivas
Sei que sou quem é menor

Mas queria que não fosse assim
Queria que cuidasse de mim
E que quando chegasse ao fim
Aqui não fosse tão ruim

Estoquei todo o meu tesouro
Dentro de um pedaço teu
Posso até declarar em coro
O quanto queria ter o seu

O seu respeito e lealdade
De modo tão intenso
E que em cada cidade
Teu teor fosse imenso


Tão maior que qualquer coisa
Que queimasse ou flutuasse
Sendo estrela quando pousa
E barco quando atravessasse
Cada rio ou cada nuvem
Que cortasse ia também
E se qualquer um que ousa
Faça como se facilitasse
Facilitasse a vida, vida vem...

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