sábado, 5 de dezembro de 2009

Como Pessoa - Jardiel Carvalho

Concreta a sina de ser apenas um eu
Que sendo um tu que nada faz
E quando ele ou ela fizerem do mundo seu
E se nós fossemos apenas assim, como tu capaz.

Espreita a ida de ser, contudo fúria.
Mas não uma fúria por um mero acaso
E como não bastasse fosse num tempo escasso
Então faz de si uma breve rasura
E fura a casca de pau que te recobre
Com um tom pobre
Recobre e remenda a casca
Rejeita a face ideal
Que enoja ao centrado ao leal
Mas que sei eu de assuntos assim?
Acho que nem ao menos uma leve noção tenho eu
E quem tem?
Será que alguém tem respostas concretas?
Perguntas, somente questões.
Penso como Fernando Pessoa
Não vou ao fundo das cousas
Pois pensar muito nessas coisas
Tira todo o sentido que elas realmente tem...

Um comentário:

  1. Muito bom ...tem coisas que servem para serem só coisas mesmo ... sem sabermos seu sentido para entendermos seu fim

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